A Fraude da Governação

A Fraude da Governação
 «Vemos Ouvimos e Lemos, não podemos ignorar» (Sofia de Melo Breiner)

A “Forbes” americana de Novembro de 2012 (se não me falha a memória), relatava que as 10 maiores fortunas sediadas nos EUA tinham subido em 2011 cerca de 13 %.
Se levarmos em conta que o velho mundo ocidental está em contraciclo económico, a partir de uma crise gerada nos próprios Estados Unidos da América, assente essencialmente numa gigantesca fraude mundial de especulação, perpetrada por bancos daquele país (mas com tentáculos no mundo inteiro), e ajudada por agências de Rating também ali sediadas, não é muito complicado imaginar o que se está a passar no mundo.
De facto, se não foi emitido dinheiro falso para fazer crescer essas fortunas (e falamos de bilhões de dólares), que estão nas mãos dos mesmos que causaram a crise, então o dinheiro veio de algum lado.
Quem ler o livro de Marc Roche, O BANCO: Como o Goldman Sachs dirige o mundo (A esfera dos Livros, 2012), perceberá melhor a trama que a nível global vivemos, e como estamos profundamente atingidos pelos estilhaços desta verdadeira bomba, cirurgicamente controlada, da qual, pelo menos alguma da nossa governação será uma indispensável ferramenta. O livro abre precisamente com dois nomes portugueses, estrategicamente colocados no exercício do poder, na nossa governação.
Ao que parece, este banco terá estado na origem da fraude que levou a Grécia a integrar o Euro, quando não cumpria os critérios definidos para a adesão. Também parece que, por jogos obscuros em grandes negócios, o banco foi corrido de dois dos grandes potentados mundiais do dinheiro, países em grande crescimento – A China e a Federação Russa. Muitos dirigentes de governos do mundo, e de instituições da alta finança, estão controlados por gente do GS, como o BCE, o governo de Itália, da Grécia e outros países da europa e do mundo estão influenciados por eles e outros gigantes americanos.
A Europa tem tecnologia, criatividade, mão de obra altamente especializada, mas é muito cara. Como torna-la barata? É simples: gerar uma grande crise, rebentar com a indústria, o comércio, rapar o dinheiro que houver, empobrecer as pessoas e os estados, criar muito desemprego. Foi exactamente o que tiveram a fazer até agora. Estratégica e cirurgicamente realizada esta operação, a começar pelos países mais fáceis, frágeis e de menor responsabilidade, os periféricos (que se sucumbirem não vem mal ao mundo na escala global), acabam por atingir duramente os mais sólidos e que já representam dimensão (Espanha, Itália, França), mas estes sem perigo de os matarem.
Esta operação faz descer o custo do trabalho, para menos de metade, e rapa o dinheiro disponível dos cidadãos e dos governos, para lhe retirar capacidade de reacção rápida. Depois, como os salvadores da pátria, voltam cá a investir dinheiro, como se fosse uma grande ajuda, mas que outro motivo não tem que evidenciar o resultado desta tramoia, encaixando lucros fabulosos para o futuro, à custa da miséria e da desgraça das pessoas que, sem qualquer recurso, aceitará qualquer preço pelo seu trabalho.
A troika mais não é que a face deste polvo, cujos tentáculos estão por todo o lado, e também na nossa governação. Se assim for, poderemos dizer que a nossa governação é uma fraude, ao serviço destes interesses obscuros e não de Portugal e do Povo Português. Pode haver, e há certamente no elenco, gente bem intencionada, mas liderados por esta máquina e ao seu serviço, mais não fazem que ser seus instrumentos.
É curiosa a metodologia que utilizaram:
·         Primeiro o factor pânico: Portugal está na miséria, uma desgraça!
·         Depois utilizaram o factor Esperança: Vamos fazer sacrifícios mas sairemos rapidamente deste aperto. E apertaram até ao limite, com promessas não cumpridas e resultados ao invés do que anunciaram.
·         Agora estão a utilizar a desculpa com o factor Erro: Afinal os cálculos da receita para debelar a crise foram mal feitos. Teremos de os corrigir.
·         E o que vem aí agora, a propósito da tal correcção, é o advento da reentrada para debelar a crise. Haverá financiamentos privados a voltar a fazer funcionar fábricas, a criar empregos.
Estão reunidas finalmente as condições que previram para a retoma. Mas controlarão o Estado, o custo do trabalho, a riqueza (ou melhor, a pobreza) dos cidadãos, por muitos e muitos anos. Esta é forma de voltarem, e em grande: reconhecem o erro da receita, e finalmente vêm ajudar. É possível imaginar melhor? Não há marketing nem Nobel que possa competir com esta criatividade.
A nossa governação, uns talvez inconscientemente, outros com toda a consciência e clarividência a controlar, pode constituir-se aqui como a ferramenta directa desta fraude.
O desmando mais descarado de como a nossa política esteve e está ao serviço desta ideologia e desta gigantesca fraude global, encontramo-la, em meu entender, na política de emprego. Promoveu-se e promove-se ainda os despedimentos em massa. Sem emprego os cidadãos não têm dinheiro, e a frágil economia interna, assente no consumo, morre fulminantemente, gerando mais desemprego, menos impostos, mais subsídios, menos serviços disponíveis. O Estado, para se financiar, aumenta os impostos sobre os poucos que ainda trabalham e sobre as empresas que restam, retirando o já pouco dinheiro que ainda podem ter.
Ainda agora, o governo propõe-se a todo o custo “despedir” 30.000 funcionários públicos. Mas ao invés, qual comportamento esquizoide, pretende aumentar o horário de trabalho dos outros funcionários públicos. Este esquema é uma outra rotunda fraude, que concorre directamente para este objectivo de baixar o custo do trabalho. Vejamos com contas simples: despedem 30.000 e aumentam 5 horas por semana aos outros 550.000, o que corresponde, em termos de trabalho, a mais 68.750 funcionários, gratuitos.
A política correcta deveria ser exactamente o contrário, baixar os horários de trabalho (mesmo que com o ajuste da remuneração ao horário efectuado), para que mais pessoas pudessem ter emprego. Assim, mesmo que os trabalhadores levassem todos os meses um pouco menos para casa, trabalhariam também um pouco menos, ganhariam o mesmo por hora (o que não convém aos senhores do dinheiro), e muito mais gente teria emprego, o que faria levantar a economia, e repor o trabalho nos seus níveis normais.
Estamos num pântano. Vão começar agora a lançar-nos a tábua de salvação, mas devagar!
Luís Matias
Junho/2013

(Avesso ao acordo ortográfico)

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