BAIXA DE NASCIMENTOS
(Admiro-me da admiração…)
Admiro-me da admiração de tanta gente - políticos, jornalistas, cientistas e peritos em sociologia e demografia e que arrastam para essa admiração e quase histeria, a população em geral, por razões mais que óbvias, conhecidas, cujas causas são absolutamente identificadas.
Admiro-me da admiração de quem faz conscientemente políticas e siga caminhos num sentido, e espera chegar exatamente do contrário da direção que leva. Há aqui insanidade nisto, não há?
Refiro-me a duas circunstâncias diferentes que têm chamado à ribalta uma mesma realidade, com alguma frequência. Uma é a “sustentabilidade da Segurança Social”, e a outra, que frequentemente lhe aparece como causa futura, é a diminuição de nascimentos.
A realidade coincidente é, naturalmente, a inversão da “pirâmide etária” em Portugal.
Nesta semana tem insistentemente chegado a raias de paranóia coletiva, o facto de termos o mês com menos nascimentos nos últimos 70 anos. Merecem-me muitos comentários, e uma reflexão profunda, esta questão.
Desde logo pergunta-se, que mundo e que Portugal estamos a deixar aos nossos filhos. E se amamos os filhos, teremos de perguntar-nos se queremos ter filhos para lhe deixarmos este mundo, esta herança, e se isso não é a maior maldade que podemos fazer-lhes.
Mas vejamos algumas realidades de políticas que a democracia produziu, umas bem feitas e mal aplicadas, outras mal feitas, outras mesmo ao contrário daquilo que tão desesperadamente hoje pare querermos (não sei se com uma pontinha de egoísmo porque se não houver sustentabilidade para a Segurança Social, é a proteção da nossa velhice que está antes de mais em causa).




Mas também não me parece que seja um grande drama que a pirâmide etária esteja invertida. Os países mais prósperos e estáveis do ocidente, há décadas que têm essa situação (Dinamarca, Noruega, Suécia, Finlândia e Canadá). E a Segurança Social é mais que sustentável.
De facto, há outras políticas que jogam com tudo isto, que já estão inventadas, funcionam e têm êxito. Só que não se compadecem com má gestão, mau planeamento, deseducação em lugar da educação, jogos de poder e protagonismos “bacôcos” de agendas políticas. Nem com perdas do dinheiro de todos nós em jogos de bolsa.
Se fazemos o contrário do que queremos, não somos senão uma sociedade esquizofrénica!
Luís Matias
Novembro/2012
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