(Se os políticos, trabalhadores e sindicatos quiserem)
As políticas de emprego só podem
ser promovidas com resultados se estimularem a economia. E a economia só será
sólida se não se basear na especulação, na criação de valores “tóxicos”, (que
na realidade não são valores), mas se assentar no trabalho, na produção e, por conseguinte, no emprego.
Um país que se apoia na política de
despedimentos para reduzir a despesa pública, e que promove ou legisla favoravelmente
ao despedimento no sector privado com o argumento de o tornar competitivo, está
simplesmente a “enterrar” o país e os cidadãos.
É ao que estamos infelizmente a
assistir, cedendo ao liberalismo mais extremo e ao aproveitamento que este faz
da globalização. Por este caminho, vamos até à miséria total e, aí, sem
alternativa, teremos de erguer-nos de novo com a única ferramenta que
efetivamente cria riqueza: a força do trabalho.
A economia num país essencialmente
de serviços, está fortemente dependente da existência e da circulação de
dinheiro no bolso das pessoas. E tem de haver um equilíbrio entre o contributo
que a sociedade fornece ao estado para a manutenção dos serviços comuns,
através dos impostos, e a forma como o Estado o aplica. Ou seja, não se pode
gastar mais do que aquilo que se pode recolher.
Quando se retira quase tudo às
pessoas, dá-se a falência do sistema - Estamos quase nessa situação perversa -
Provoca um movimento de retroação negativa até ao colapso e à miséria, a que o
povo chama de “Pescadinha de rabo na boca”:
o estado não é bem gerido, cobra mais impostos, retirando dinheiro às empresas
e aos privados. As empresas vão à falência e ou deslocalizam-se, gerando
desemprego. Os privados sem dinheiro não compram e levam mais empresas à
falência. Deixa de haver condições para cobrar impostos e o estado baixa o
nível de serviços, a economia paralisa e o estado definha. O desespero leva as
pessoas a trabalhar para a subsistência, a qualquer preço. Aí, as grandes
empresas voltam para explorarem o desespero das pessoas que trabalharão a
qualquer preço. Chamam a isso “reajustamento
da economia e do mercado de trabalho”? Bem… estamos conversados!!!
Anunciam-se medidas de combate
ao desemprego, mas o que deveriam era promover o emprego. São coisas diferentes mas que muitos políticos
confundem. Aumentar os horários de trabalho (carga horária) e reduzir os
trabalhadores é a verdadeira sentença de morte da economia e do desenvolvimento
na atual situação. E é exatamente a perversidade que os políticos estão a seguir,
(em parte obrigados pela “troika”), em nome da contenção. Incompreensível!
Trabalhar mais horas ou reduzir o
número de funcionários públicos, numa altura de crise de emprego, são medidas
perversas. Com os despedimentos, o estado deixa de pagar de um lado as
remunerações, mas vai pagar do outro, prestações sociais, deixar de cobrar
impostos e paralisar a economia, porque estas pessoas deixam de ter dinheiro
para comprar, e isso gera mais desemprego.
Há uma forma imediata de solucionar a questão. Equitativa, responsável,
solidária e que implica todos.
O conhecido Abbé Pierre no seu livro “Fraternidade” chamou a atenção para este
problema do mundo moderno, referindo que o aumento da população mundial e a
mecanização dos processos produtivos iriam tornar mais pessoas ociosas. E que
as sociedades modernas terão de se convencer que têm de repartir parte do seu
trabalho e salário com quem não o tem, ou então surgirá uma grave crise mundial
com convulsões sociais, porque as pessoas tem de viver, e vão lutar pela vida.
Neste pensamento estará reconhecido o problema e uma solução simples mas
evidente:
Em vez de desempregar e aumentar o
horário de trabalho, porque não se convidam empregadores e empregados, a
reduzirem o horário de trabalho bem como a remuneração correspondente e,
obrigatoriamente preencherem essa carga horária com outros empregados?
A medida com carácter geral e
praticamente obrigatória, seria de exceção e duraria enquanto a crise de
emprego se verificasse, e creio que a própria economia em ciclo mais favorável
se encarregaria de repor os horários de trabalho no nível atual. A exigência
fundamental, seria a concertação e aceitação por parte dos empregadores, dos
empregados através das suas estruturas representativas. A Alemanha (embora de
forma voluntária) utilizou esta ideia para criar empregos aquando da unificação
das duas Alemanhas. Portugal tem já em vigor alguma legislação que se enquadra
nesta ideia, sobretudo no âmbito da administração pública, como sejam regimes
especiais de redução do trabalho, bem como a chamada “semana de 4 dias”.
Estas medidas teriam de ser
generalizadas, e os empregadores teriam de ser inibidos de aproveitarem este sistema
excecional para se livrarem de trabalhadores.
Também deveriam ser proibidas na
função pública quaisquer tipos de acumulações, designadamente em profissões com
disponibilidade de trabalhadores desocupados no mercado de trabalho.
Vamos a contas:
Se e estado generalizasse a “semana de 4 dias”, quer dizer que retiraria
a cada trabalhador 1/5 ou seja 20% do seu trabalho. E a correspondente quantia
de remuneração. Os empregadores, com esta medida e sem nenhum prejuízo visível,
teriam de empregar 1 trabalhador em cada 5. Quer dizer genericamente que em
cinco milhões de trabalhadores, gera-se um milhão de empregos. E em termos
gerais o problema do emprego ficava totalmente resolvido, à custa de um pouco
de solidariedade de todos.
E argumentos:
·
É certo que todos passávamos a ganhar um pouco menos,
mas também a trabalhar menos horas. Pessoalmente, prefiro que me retirem tempo
de trabalho e a respetiva remuneração, do que me retirem apenas remuneração e
ameaçam agravam-me o tempo de trabalho, que é exatamente o que têm feito.
·
O estado deixaria assim de pagar subsídios de
desemprego, encaixando uma significativa quantia.
·
E sem agravar nada aos empregadores, o estado passava
a cobrar impostos de trabalho a toda a gente, encaixando com isso mais
dinheiro.
·
A economia continua a funcionar, porque toda a gente
continuaria a comprar, reduzindo o impacto devastador da não circulação de
dinheiro, que gera mais desemprego (com as pequenas empresas a fechar,
desempregando mais gente, que vai receber subsídios, deixando o estado por
outro lado de cobrar impostos).
·
Provavelmente, muitos dos empregados com o horário
reduzido, vão despender o tempo sobrante em pequenas atividades produtivas que,
globalmente consideradas, darão um contributo muito útil à economia. Com a
criatividade própria dos momentos de crise, algumas dessas atividades
constituir-se-ão no futuro como empresas, gerando diretamente mais postos de
trabalho, produzindo riqueza e pagando impostos.
·
Quando a economia e o sistema produtivo por inerência,
melhorar, é expectável que a reposição dos horários de trabalho para tempo
total se faça quase de uma forma automática. Quando as empresas têm aumento de
trabalho e, em situação normal, recorrem a horas extraordinárias, aqui, passariam
a utilizar até ao limite, o tempo normal os trabalhadores que estão com horário
reduzido.
·
Aplicada a medida, o estado poderia desagravar alguma
coisa da carga fiscal direta aos trabalhadores com rendimentos mais baixos (IRS
por exemplo), como medida compensatória, uma vez que cobra mais impostos e paga
menos prestações sociais, o que minimizaria o impacto da redução de 20 % das
remunerações nas famílias de menores rendimentos.
Será necessário algum milagre para entender isto?
Luís Matias
Julho 2012
Vivendo num país de Senhores Governantes diplomados na estratégia do como melhor sacar, num bom disfarçar retórico para a quase todos baralhar,em sorrisos de esperança, como o povo gosta de ver, em palavras divagar, para o país impressionar,
ResponderEliminartambém cansa e esgota,afinal,pobrezinhos, temos de os sustentar,sustentar ....
Vivendo num país de Senhores Governantes diplomados na estratégia do como melhor sacar, num bom disfarçar retórico para a quase todos baralhar,em sorrisos de esperança, como o povo gosta de ver, em palavras divagar, para o país impressionar,
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