Que Futuro? - Para o abismo a PASSOS largos

QUE FUTURO? … Para o abismo a PASSOS largos!
A Troika daqui a sensivelmente 9 meses vai-se embora (sem ir, porque os credores internacionais são quem manda nesse animal “tricéfalo”), e ficam cá a explorar a economia, como quem diz, as pessoas!

Neste momento, parece que os estrangeiros estão a comprar menos dívida portuguesa, e os portugueses a comprar mais. Os compradores portugueses da sua própria dívida são essencialmente bancos, seguradoras e o “fundo de garantia da Segurança Social”.

Efectivamente, há pouco mais de um mês, o governo decidiu em Conselho de Ministros durante as férias, que o Fundo de Garantia da Segurança Social iria “investir na compra de dívida pública portuguesa”. Isso quer dizer que o dinheiro que os trabalhadores descontam para pagar no futuro as suas próprias reformas, e cuja reserva garantia nesta altura o seu pagamento até cerca de 2021, neste momento foi utilizado, num golpe de mágica a que chamam “Investimento”, para comprar a tal “Dívida Pública”, resgatando a estrangeiros títulos que eles detinham dessa nossa dívida. Portanto, esse dinheiro, dos trabalhadores e à guarda do Estado, saiu para fora do país, para comprarmos um “buraco”. Transformou-se assim o dinheiro dos trabalhadores numa coisa a que chamam investimento, que na realidade é a falta dele, é um buraco, uma não existência de dinheiro, porque é uma dívida.

Quem vai ter de repor esse dinheiro (porque se não, deixa de haver com que pagar as reformas)? Os impostos e os sacrifícios dos portugueses, que já o pagaram, e agora vão pagá-lo outra vez. Esses títulos de dívida pública deveriam ser pagos, não com o dinheiro que não é do estado, apenas está à sua guarda, como pessoa de bem e confiável (que parece que deixou de ser), deveriam ser pagos ao longo do tempo através da economia, com impostos normais decorrentes da produção e transacções, retiradas aos lucros.

Muitas figuras públicas (mesmo de áreas coincidentes ou próximas dos partidos do governo, como Bagão Félix) gritaram veementemente contra este completo desmando. O risco é total. Há-de ser uma coisa parecida com o “BPN-GATE”, em que, ou pagamos todos, ou os reformados ficam sem reforma, porque de facto investiram dinheiro num buraco (Só se pode considerar “investimento” na linguagem económica do neo-ultra-liberalismo!).

O desinvestimento estrangeiro na nossa divida pública e na nossa economia, que este processo gerou, há-de ser mais um tiro no pé deste “iluminado executivo” (ou como que diz, dos portugueses), porque quando a troika sair, vão precisar desses investidores. Mas quem se atreverá a correr riscos, quando já tem de volta e seguro o seu dinheirinho, até remunerado a juros “chorudos”?
É que em números redondos, este processo de compra por portugueses com a respectiva devolução a investidores estrangeiros, já ultrapassará os 2.000 milhões de Euros.

Para terem uma noção, Portugal tem uma dívida que ronda os preocupantes 130% da capacidade anual de produção da nossa economia. E é certo que a grande parte da dívida está na mão de credores estrangeiros. O Japão tem uma dívida que ronda os 200% da sua capacidade de produção anual (A percentagem é enorme, imaginem então em números absolutos o que representa), sendo certo que a maior parte da sua dívida é detida por investidores internos.

Creio que continuamos a caminhar para o abismo a PASSOS largos!!!

Luís Matias
20/09/2013

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